Em “A cidade celestial” vemos uma crítica à visão predominante no século XIX acerca do Iluminismo como um contexto essencialmente racionalista, que teria renegado completamente o passado, tido como obscuro e retrógrado, para uma visão de futuro construída sob bases completamente novas. Na versão de Becker a história filosófica do século XVIII foi uma extensão da antiga confiança dos philosophes na razão abstrata, e representava uma versão secularizada da concepção cristã da história providencial, de base medieval, explicando humanisticamente a aparência real do mal em um mundo naturalmente bom e apontando as áreas de reforma neste mundo. Há, portanto, no projeto iluminista, muito mais semelhanças e proximidades com a concepção providencialista cristã do século XIII do que os críticos, mesmo os de sua época, poderiam sugerir.